Primeira Dependência do BNU no Porto
Janeiro de 1917
Só após 53 anos da fundação do Banco Nacional Ultramarino é instalada, num dos principais núcleos económicos de Portugal, a primeira sucursal do Banco em território continental.
O dia 2 de janeiro de 1917 foi um dia marcante para a História do Banco Nacional Ultramarino. Nesse dia inaugurou-se a agência privativa na cidade do Porto destinada a servir o circuito económico do norte do país.
Foi no edifício onde funcionou a agência da casa bancária Pinto Fonseca & Irmão que o BNU se instalou na região nortenha. Era intenção do BNU, aquando da sua fundação, ter sede em Lisboa, sucursais no Porto e em Luanda e agências nas principais cidades do reino, arquipélago da Madeira e em todas as demais localidades nacionais ou estrangeiras onde lhe for conveniente (Carta de Lei de 16 de maio de 1864, artigo 2.º). Contudo, só passados 53 anos é instalada, num dos principais núcleos económicos de Portugal, a primeira sucursal do BNU em território continental.
A instalação do BNU na cidade do Porto visava apoiar o intercâmbio mercantil entre aquela região e o Brasil. Como o movimento comercial e bancário entre Portugal e o Brasil apresentava um progressivo desenvolvimento, a agência privativa do Porto tinha como função relacionar-se diretamente com as praças brasileiras aligeirando assim o movimento bancário da sede em Lisboa.
A vontade de investimento do BNU no Brasil está já patente no relatório de 1912 onde é manifestado o desejo do Banco em instalar uma ou mais agências naquele país. Justificava-se este investimento do Banco pela crescente emigração portuguesa, tanto ao nível dos homens de negócios como das classes mais desfavorecidas, e pelas boas relações entre os dois Estados. As correntes de emigração portuguesa para aquele território justificavam a abertura de uma agência privativa no Porto. Na realidade, desde 1908 o Brasil vivia uma época de crescimento agrícola e industrial com novos estímulos para a poupança e maior poder de compra por parte da população. Impunha-se, desta forma, a criação de condições de crédito nos mercados para garantir capitais e canalizar divisas. Refere-se no relatório: “Tendo-se desenvolvido as nossas transações com o Brazil, as quais cada vez afluem em maior número ao Banco, sendo natural que venham a tomar um importante incremento, entendemos que seria mais conveniente substituir os correspondentes que ali temos por agências privativas”.
Neste contexto abre em 1913 a sucursal do Rio de Janeiro cabendo a sua gerência a Alberto Guedes. Assim que entrou em funcionamento a agência do Rio de Janeiro, esta começou logo a dar lucros e assim se manteve nos anos seguintes. Este facto, aliado à crescente emigração portuguesa e ao crescimento das relações comerciais entre os dois países, levam à expansão do BNU no Brasil através da abertura das agências de S. Paulo, Santos, Salvador da Baía, Recife e Belém do Pará, Manaus (1919) e a vila de Campos (1919). Todas estas agências tinham uma intensa atividade tendo sido preponderante o papel da agência privativa do Porto para garantir os mecanismos comerciais necessários nas relações entre os dois países.
CGD - Gabinete do Património Histórico
Mónica Ferreirinha
Jan 2010