Chapas de impressão e outros métodos
de gravação das notas
A impressão de notas emitidas pelo Banco Nacional Ultramarino foi, na sua grande maioria, encomendada a casas impressoras em Inglaterra. Estas casas eram responsáveis pela produção das notas e criavam as chapas utilizadas para este processo.
Após terem sido celebradas as condições do contrato entre o banco e o fabricante, e o desenho da nota ter sido definido, a casa impressora, iniciava o processo que levaria à impressão das quantidades de notas pretendidas. Esta produção recorria à técnica de gravação do Talhe-doce, por ser mais fiável e porque conferia mais segurança ao papel-moeda.
Este processo de gravação consistia em utilizar uma chapa metálica. No caso dos exemplares utilizados pelo BNU, a chapa era em zinco podendo-se também recorrer ao cobre. Na chapa, o motivo que se pretendia imprimir era cavado subtilmente na sua superfície, criando, os chamados, entalhes (origem do italiano - intaglio).
Antes de se proceder à gravação no papel, a chapa era coberta com tinta, retirando-se o excesso, para ficar apenas a que estava alojada nos entalhes cavados. Esta tinta, era depois transferida para o papel da nota sob alta pressão, através de um cilindro compressor que forçava o papel a entrar nos entalhes e a reter a mesma. Desta maneira, a nota, ficava com o desenho pretendido, para além de ficar com um subtil relevo. Esta operação era depois repetida com outra chapa para imprimir o verso da nota.
Este método conferia também ao papel-moeda, imagens latentes com motivos impressos, visíveis apenas à transparências, ficando com o fundo mais escuro ou mais claro, conforme a inclinação da nota, revelando pormenores no desenho que permaneciam ocultos numa visão a 90º.
O Talhe-doce proporcionava a gravação de motivos, aparentemente ornamentais, mas que simulavam a prevenção de falsificações. O exemplo disso, eram os guilhochés, que eram motivos formados por várias linhas finas entrelaçadas, figuras geométricas e rosáceas.
Para aumentar a segurança das notas, a partir de 1950, começou a utilizar-se, nas emissões do BNU, papel com marca de água. Antes do processo de gravação da nota, aquela, era aplicada no papel quando este ainda estava húmido, moldando-se com um cilindro de forma a obter-se a marca de água, que era depois aplicada e visível apenas em contraluz.
Após o término da encomenda, a casa impressora entregava ao banco emissor as chapas e cilindros que tinham sido utilizados na gravação das notas. Tal facto era assinalado com um corte oblíquo na chapa, que a inutilizava.
Na história da impressão do papel-moeda emitido pelo BNU deve ainda referir-se a Emissão de Certificados para Macau que, pelas suas particularidades, foi utilizado um método de impressão diferente do usual para o Banco. Esta Emissão teve lugar no decorrer da II Guerra Mundial, num contexto de bloqueio sobre o território macaense pelas forças japonesas. Esta condição de reclusão e de escassez de meios de troca, forçou a filial do BNU em Macau a emitir notas localmente.
Esta produção recorreu à técnica da litografia. Para tal, a empresa contratada pelo BNU teve que utilizar 12 pedras litográficas – 2 para cada denominação – para gravar a frente e o verso de cada nota.
O método utilizado foi a cromolitografia para impressão a várias cores. Previamente, o desenho dos Certificados foi executado sobre cada pedra litográfica. Na produção dos Certificados em si, a pedra era primeiro humedecida com água para depois receber a tinta. Esta tinta, pela sua qualidade gordurosa, era repelida pela pedra que absorvia a água exceto nas zonas ocupadas pelo desenho que retinham a tinta. O papel para os Certificados era colocado em cima da pedra e calcado através de um rodo compressor, o que fazia com que a tinta aderisse ao papel e assim criar a impressão final para os Certificados.
CGD - Gabinete do Património Histórico
Nuno Carvalho
Junho de 2011