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Máscaras Macondes



As máscaras Macondes são motivo de grande interesse por parte de colecionadores e estão expostas em vários museus da Europa e Moçambique. São consideradas a melhor representação da arte da escultura em madeira, nativa Moçambicana, feita pelos Macondes.

Estes são um povo étnico do Sudeste de África, estabelecido no planalto de Mueda, a norte de Moçambique, que desde sempre se dedicou à agricultura e à escultura em madeira.

A máscara Lipiko é esculpida para o ritual do Mapiko-dança. É executada em madeira leve, pelos escultores ou homens velhos da aldeia, feitas no Mpolo, pequena casa destinada para o efeito, longe de todos os olhares.

O Gabinete do Património Histórico da Caixa Geral de Depósitos possui na sua coleção de objetos etnográficos, integrados pelo Banco Nacional Ultramarino, duas máscaras Macondes, que se destacam pela sua importância.

Estas são policromadas com as cores ocre, almagre e cinzento, retiradas de produtos minerais. A decoração é enriquecida com cabelo natural curto e implantado, formando fantasias, com a ndona e com desenhos pirogravados ou feitos com cera escura de uma espécie de abelhas. Tem a forma esferoidal, tipo elmo, escavada por dentro, com um pequeno orifício na boca entreaberta, onde se veem os dentes afilados.

Para a dança, o Mapiko ou dançarino enfia a máscara, de maneira a ficar com a cabeça tapada e com o rasgo da boca à altura dos olhos. À volta do pescoço, um pano colorido de seda tapa o bordo da máscara, conjugando uma indumentária complexa que procura esconder todo o corpo do dançarino, não permitindo revelar a sua identidade.

Esta impressionante dança cheia de força, expressividade e misticismo, num ambiente de euforia ao som de cânticos estridentes e tambores, é executada nas principais festas e cerimónias da aldeia e, sobretudo, nos ritos de iniciação dos jovens e das mulheres, que têm por objetivo integrar o indivíduo no seu novo grupo social. Entre os macondes, os ritos de passagem envolvem toda a população, e estão presentes no nascimento, puberdade, casamento e morte.

Nestas máscaras, são visíveis os traços de tradições dolorosas: a mutilação dentária, a decoração feita através da tatuagem, que é a pintura permanente que resulta da introdução de pigmentos sob a pele e a cicatrização, que consiste em arranhar, escarificar, furar ou golpear a pele onde esfregam pó de carvão vegetal de modo a deixar cicatrizes em relevo. Esta última proporciona uma profusa ornamentação com motivos geométricos, figurações naturalistas esquematizadas e estilizadas de motivos fitomórficos e zoomórficos.

Nas máscaras femininas, como as que aqui se apresentam, observa-se a representação da deformação habitual do lábio superior, devida ao botoque de ébano ou pau-preto ndona. É por volta dos 6 anos que as raparigas sofrem a perfuração do lábio superior, que consiste em fazer um pequeno furo com uma agulha. Depois, é introduzido no orifício um capim fino que vão sendo substituidos por outros mais grossos. Quando a rapariga chega à fase casadoira, a ndona, é substituída por um cilindro de pau-preto, com um bico comprido na parte superior, que passa rente ao nariz. Este bico de madeira é revestido por uma folha de estanho, simulando um bico de metal a que dão o nome de Kalinga.

As máscaras dos macondes traduzem os antigos usos, costumes, tradições e superstições. São de grande interesse etnográfico e revelam a identidade do povo maconde.

CGD - Gabinete do Património Histórico
Célia Moutinho
Maio de 2011

 

Máscaras Maconde